Precipício Mental - Insensatez

domingo, 26 de setembro de 2010

Descoberta.

Éramos um só e nada mais.
Dois em um, fusão complexa, união perfeita entre extremos.
O quente e o frio, o bom e o mau, o claro e o escuro, a tristeza e a legria... Todos, em transito e órbita perfeita.
Nosso constante estado de periélio me cegou. A luz intensa, que afagava minha visão, não me deixou enxergar que o pra sempre não era o caminho que seguíamos.
Distante!
Aos poucos, o inverno ia chegando, as folhas iam caindo. A ilusão permanecia a me cegar.
Você quis me dizer, o tempo todo, que, na verdade, aquilo era mentira. Queria me contar como era, como foi... a verdade intrínseca.
Talvez a culpada seja mesmo eu!

Descobri da pior forma que o "pra sempre" , enfim, não é caminho certo. É meio caminho andado.
Ninguém chega lá, não.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Breve e para alguém.

As pessoas crescem mais rápido do que se imagina. Sentimentos, anseios e desejos mudam juntamente com esse crescimento, em uma drástica metamorfose; ou eles podem apenas amadurecer... Quando algo é de verdade, não acaba.


"Crescer é mais importante do que estagnar com um único foco."
E eu nunca mais esqueci.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O quanto eu te assusto?

Um olhar.
Você... Sempre misteriosa e ilegível, uma incógnita. Sempre se escondendo atrás de historinhas, anedotas e piadas. Fingindo ser o que não é, o que nunca foi e nem quer ser. Sempre fala tudo, sem dizer nada.
Não preciso de palavras, seus olhos lampejam todo seu sentimento, todo seu interior. Em poucos segundos, penetro no seu olhar - que me consome. Apesar de indecifráveis, consigo ver todas as perguntas... e as minhas respostas.
Eu sorrio, você cora.
Vejo tudo, sem saber nada; sem poder saber.
O mistério, em ti, assume um papel diferente em seus olhos quando de encontro aos meus. Eu vejo e você sabe, e me permite ver, mas não entendo nada.  
Você sorri, eu finjo dar de ombros.
Você parece assustada, mas fixa o olhar no meu, fazendo segundos virarem horas, horas virarem reflexões e reflexões virarem medo. Medo meu, medo seu. Meu medo de saber, nosso medo de ser, seu medo de querer.
Então, me diga...O quanto isso te assusta?

Eu deveria te esquecer.

Estavam os dois debaixo da luz do único poste que iluminava a rua. De longe, parecia tudo bem; mas na verdade, eles brigavam como duas crianças, de forma quase silenciosa. De cenho franzido, ele murmurava um discurso, enquanto ela fazia careta.
- A culpa disso foi toda sua! - disse ele ao final, sem medir o tom.
Ela, desacostumada com aquilo, enfureceu-se de um forma atípica.
- A culpa é minha? Você me fez acreditar em suas palavras, quis me iludir e me magoar. Mas sabe qual é a verdade? Eu nunca acreditei em você. Toda a tristeza foi por conta de sua intenção inescrupulosa e não por eu ter realmente acreditado nisso tudo. - seus olhos enchiam-se de lágrimas, enquanto jorrava palavras, que se formavam em sua voz grave e rouca.
Ele pegou-a pelos braços, apertando-os como torniquetes, perdendo totalmente o juízo. Ela fuzilou-o com os olhos, contendo um grito de dor.
- O que você disse? - disse ele, entredentes. Os olhos ardendo em fúria.
- Me solta agora, você está me machucando! - ela ofegou.
Tudo começou a girar em sua cabeça, ela sentia suas mãos formigarem enquanto o fitava com expressão de desespero. Um filme passou em sua mente: Tudo o que ele disse, todos os momentos de carinho, todo o amor que ela sentia, tudo! Tudo estraçalhaço, esmagado, destruido...
Foi quando, de repente, ele a soltou... O súbito jorro de sangue em suas veias foi quase doloroso. Ela suspirou e se afastou cambaleando, sem forças para reagir.
Ele caiu em prantos, desesperadamente. Tentava pronunciar palavras, mas elas saiam ininteligíveis. Seu choro interrompia toda e qualquer frase que tentava dizer. Ela, sem saber o que fazer, começou a chorar junto dele. Os dois choravam, como dois bebês.
Ninguém soube, ninguém ouviu. Eram três da manhã, não havia ninguém na rua. Em especial, naquela rua, que era, independente da hora, extremamente deserta. Não havia uma alma, uma casa... Só casebres abandonados e lojas fechadas por conta da hora.
Foi, então, em meio às lágrimas, sentados no meio-fio, que ele conseguiu pronunciar uma frase, entre soluços. Não exatamente o que queria, nem do jeito que queria, mas foi tudo o que precisava ser dito.
- Você é tudo que eu quero e sempre quis, e nada mais importa.

Ela sorriu.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Entre grilos e calmaria.

Simplesmente observo. Acompanhando friamente cada passo, cada gesto, cada laço.
Não me abalo, não me movo, não ojerizo. Apenas observo distraidamente seus passos, seus milhares jeitos der ser e de 'sê-lo' - e de não ser -; que não me encantam mais do que um simples reflexo de mim mesma. Eu, que me achava diferente daquilo que queria, me observo, encantada, em você.
Observo calmamente... Como uma tarde sentada naquela cadeira de balanço, olhando o horizonte sumir ao cair da noite, enquando atrás de mim cantam os grilos, em tom plácido.
E que se foda se os grilos esfregam seus élitros e não se mostram serenos! Falo de tranquilidade externa... meu interno ainda chora por uma não-tristeza que entristece aquele olhar.
Falo de um amor atemporal, implicitamente atemporal e imutável às circunstâncias.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Just pretend.

Não me impeça de errar, não me julgue dessa maneira e nem me faça sorrir quando não quero. Pense mais em você. Em mim.
Pense em nós.
Pense em tudo que está dentro, tudo que só você sabe, tudo que guarda, tudo que deseja... Tudo que finge, tudo que mente, tudo que esconde, tudo que quer que seja mentira. Tudo que nem imagina que sei.
Não me jogue esse olhar, não mostre interesse, não se preocupe assim comigo, não fale comigo! Você não precisa ser o meu motivo, tudo bem?
Apenas FINJA!
Vamos lá, você é bom nisso. Sabe que é. Melhor que eu, melhor que nós... mas qualquer coisa é melhor que "nós". Qualquer coisa é melhor que nós dois juntos.
Então, simplesmente, finja.
Isso! Continue fingindo; como sempre fez, como sempre foi.


Você tem medo? Eu também. Então, continuemos fingindo...
... pra sempre.
Mas antes disso, me ensina a te enganar?

terça-feira, 27 de abril de 2010

Rente às incertezas.

- Não acho certo! Sinto vergonha dos meus próprios sentimentos. Não deveríamos ter vergonha de nós mesmos, né? Acontece que é exatamente desse jeito que me sinto, também não concordaria se estivesse de fora... mas é sempre assim: criticamos, menosprezamos e falamos mal; isso, até acontecer com nós mesmos.
 Calou-se.

A frase terminou com tom de inconclusão, apesar de ter sido devidamente concluída. Seu olhar estava distante, como se entendesse sozinha todo o resto que hesitou em dizer. Sua face expressava uma mistura de censura, dúvida e tristeza. Era evidente que não concordava com suas próprias atitudes, mas, no fundo, sabia bem que não tinha culpa. Não podemos controlar ou manejar sentimentos, mesmo ela sabendo enrustí-los muito bem.
Andando na rua, seus pensamentos pareciam trovões; rugiam violentamente em sua mente, sendo logo tomados por outros, que giravam na mesma órbita e com a mesma rapidez de seus passos.
Estava cansada de trajetórias circulares!
Por que tudo tinha que girar? Até quando prevaleceria essa insistência desses pensamentos?
Ela não sabia.  Ninguém sabia.
Permanecia ali, iminente... Na iminência de uma palavra, de um amor e até da dor.


 
"O amor é um menino doidinho e malcriado que, quando alguém intenta refreá-lo, chora, escarapela, esperneia. escabuja. morde, belisca, e incomoda mais que solto e livre; prudente é facilitar-lhe o que deseja, para que ele disso se desgoste; soltá-lo no prado, para que não corra; limpar-lhe o caminho, para que não passe, acabar com as dificuldades e oposições, para que ele durma e muitas vezes   morra."

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Síntese.

Esperar, esperar e esperar.

Quem quer esperar?
Esperar o tempo passar, esperar o almoço ficar pronto, esperar o sono chegar, esperar o dia amanhecer,  esperar ele entrar.

Dizer que não sinto mais nada seria uma grande mentira! Posso enganar a todo mundo, mas nunca a mim mesma. Pensamentos sofistas me consomem, me corroem, e me pego tendo que lutar contra eles o tempo todo.
Não é amor, não é paixão, não é vontade... é algo que não sei explicar, algo infiltrante, redundante. Uma roda-gigante que gira e passa pelo mesmo lugar várias vezes, rodando em seu próprio eixo. E quem disse que essa roda gigante tem botão de desligar? Ela permanece na inércia, mantendo seu estado inicial de movimento, de uma forma tão bruta, que nem o atrito consegue romper. Quando a fito, três milhões de perguntas passam em minha mente ao mesmo tempo, girando com a mesma intensidade que ela, fico tonta e paro - não quero todas as respostas, só preciso de algumas.
Na verdade, não faço a menor idéia do que quero!
Parece que sempre que  me desconecto e esqueço cada detalhe, algo me traz de volta ao parque da roda-gigante. É uma prisão, onde tenho direito de sair; mas se peco, tenho que voltar - meu regime semi-aberto -. Às vezes, me sinto obrigada a voltar lá, obrigada a cuidar de tudo, obrigada a fazer com que a roda continue girando, sem sair de seu eixo, sem se desorientar... mas tenho muito medo! Sabe o que é? É que eu ADORO GIRAR!!!

Ela chama tanto minha atenção: Colorida, com minhas cores preferidas; um giro suave, mas quase impossível de ser interrompido; e tem um brilho... QUE brilho!

E continua girando, sem que eu esteja lá.

Demorei tanto pra conseguir uma folga dessa prisão infundável! Tenho o maior medo de perder meu direito de regime semi-aberto, medo de não poder sair novamente.
Ou será que nunca sai de lá? Doce ilusão.
Girei, girei, girei; agora estou tonta. Todos estão tontos! Parei. 'Não, mas essa é a melhor sensação! Nunca havia sentido antes. Inovador. Quero mais!'   Continuei. Sem querer, tirei-a do eixo e acabei saindo do meu próprio. - preciso parar.
Pronto, estagnei! No mesmo lugar, de lá nunca saí, mas estou parada agora e faz frio, muito frio. Acho que chegou o inverno, o meu inverno.

Pensando bem, sei exatamente o que quero! Quero acordar amanhã com amnésia, bloqueio mental, ou sei-lá-o-que, algo que me faça esquecer o quão bom é girar(e girar).




Mas é incrível como brilha... e esse brilho desbota no inverno.

terça-feira, 13 de abril de 2010

O eremita.

Em meio à solidão e ao caos mental, estava ele lá, sozinho, sem ninguém.
Em meio ao conflito interno, à alma vazia, ao nada, ao paralelo.
Em meio à desconexão com o consciente, à separatividade, ao infindável.
Estava lá, sem ação, razão, sem imaginação.

Pior do que ser eremita, é viver na solidão em meio à multidão. 
Solidão psicológica, sólida, sofrível...

sábado, 3 de abril de 2010

Paciência tem limite. (ou não)



Biologicamente falando de forma não-literária... Sou dicotiledônea! Tenho duas cotilédones e uma raiz axial. Quando tratam de gastar toda a reserva de uma de minhas cotilédones, passo a poupar a outra que me sobrou. Se conseguirem gastar toda a reserva da cotilédone restante, a raiz axial se desprende e, consequentemente, há a morte do ser.
Há algo que não condiz com as reais características de uma dicotiledônea... As cotilédones são individuais para cada solo e, para raras exceções, o sistema de reserva é infinito.


ACHO QUE PRECISO PARAR DE ESTUDAR.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Momento poético.

E tão de repente aconteceu, sem eu nem ao menos esperar. Corro, corro. Não posso fugir.
De tamanha evidência? Avassalador? A que devo isto?
Ao meu rodor, milhares de semblantes fitam. Ao meu redor, milhares de faces coradas.
Tão inconspicuamente e, assim, tão devassador. A extemporaneidade consome. Tento arrefecer, de nada adianta!
Invulgar? Deveras.