Precipício Mental - Insensatez

terça-feira, 27 de abril de 2010

Rente às incertezas.

- Não acho certo! Sinto vergonha dos meus próprios sentimentos. Não deveríamos ter vergonha de nós mesmos, né? Acontece que é exatamente desse jeito que me sinto, também não concordaria se estivesse de fora... mas é sempre assim: criticamos, menosprezamos e falamos mal; isso, até acontecer com nós mesmos.
 Calou-se.

A frase terminou com tom de inconclusão, apesar de ter sido devidamente concluída. Seu olhar estava distante, como se entendesse sozinha todo o resto que hesitou em dizer. Sua face expressava uma mistura de censura, dúvida e tristeza. Era evidente que não concordava com suas próprias atitudes, mas, no fundo, sabia bem que não tinha culpa. Não podemos controlar ou manejar sentimentos, mesmo ela sabendo enrustí-los muito bem.
Andando na rua, seus pensamentos pareciam trovões; rugiam violentamente em sua mente, sendo logo tomados por outros, que giravam na mesma órbita e com a mesma rapidez de seus passos.
Estava cansada de trajetórias circulares!
Por que tudo tinha que girar? Até quando prevaleceria essa insistência desses pensamentos?
Ela não sabia.  Ninguém sabia.
Permanecia ali, iminente... Na iminência de uma palavra, de um amor e até da dor.


 
"O amor é um menino doidinho e malcriado que, quando alguém intenta refreá-lo, chora, escarapela, esperneia. escabuja. morde, belisca, e incomoda mais que solto e livre; prudente é facilitar-lhe o que deseja, para que ele disso se desgoste; soltá-lo no prado, para que não corra; limpar-lhe o caminho, para que não passe, acabar com as dificuldades e oposições, para que ele durma e muitas vezes   morra."

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Síntese.

Esperar, esperar e esperar.

Quem quer esperar?
Esperar o tempo passar, esperar o almoço ficar pronto, esperar o sono chegar, esperar o dia amanhecer,  esperar ele entrar.

Dizer que não sinto mais nada seria uma grande mentira! Posso enganar a todo mundo, mas nunca a mim mesma. Pensamentos sofistas me consomem, me corroem, e me pego tendo que lutar contra eles o tempo todo.
Não é amor, não é paixão, não é vontade... é algo que não sei explicar, algo infiltrante, redundante. Uma roda-gigante que gira e passa pelo mesmo lugar várias vezes, rodando em seu próprio eixo. E quem disse que essa roda gigante tem botão de desligar? Ela permanece na inércia, mantendo seu estado inicial de movimento, de uma forma tão bruta, que nem o atrito consegue romper. Quando a fito, três milhões de perguntas passam em minha mente ao mesmo tempo, girando com a mesma intensidade que ela, fico tonta e paro - não quero todas as respostas, só preciso de algumas.
Na verdade, não faço a menor idéia do que quero!
Parece que sempre que  me desconecto e esqueço cada detalhe, algo me traz de volta ao parque da roda-gigante. É uma prisão, onde tenho direito de sair; mas se peco, tenho que voltar - meu regime semi-aberto -. Às vezes, me sinto obrigada a voltar lá, obrigada a cuidar de tudo, obrigada a fazer com que a roda continue girando, sem sair de seu eixo, sem se desorientar... mas tenho muito medo! Sabe o que é? É que eu ADORO GIRAR!!!

Ela chama tanto minha atenção: Colorida, com minhas cores preferidas; um giro suave, mas quase impossível de ser interrompido; e tem um brilho... QUE brilho!

E continua girando, sem que eu esteja lá.

Demorei tanto pra conseguir uma folga dessa prisão infundável! Tenho o maior medo de perder meu direito de regime semi-aberto, medo de não poder sair novamente.
Ou será que nunca sai de lá? Doce ilusão.
Girei, girei, girei; agora estou tonta. Todos estão tontos! Parei. 'Não, mas essa é a melhor sensação! Nunca havia sentido antes. Inovador. Quero mais!'   Continuei. Sem querer, tirei-a do eixo e acabei saindo do meu próprio. - preciso parar.
Pronto, estagnei! No mesmo lugar, de lá nunca saí, mas estou parada agora e faz frio, muito frio. Acho que chegou o inverno, o meu inverno.

Pensando bem, sei exatamente o que quero! Quero acordar amanhã com amnésia, bloqueio mental, ou sei-lá-o-que, algo que me faça esquecer o quão bom é girar(e girar).




Mas é incrível como brilha... e esse brilho desbota no inverno.

terça-feira, 13 de abril de 2010

O eremita.

Em meio à solidão e ao caos mental, estava ele lá, sozinho, sem ninguém.
Em meio ao conflito interno, à alma vazia, ao nada, ao paralelo.
Em meio à desconexão com o consciente, à separatividade, ao infindável.
Estava lá, sem ação, razão, sem imaginação.

Pior do que ser eremita, é viver na solidão em meio à multidão. 
Solidão psicológica, sólida, sofrível...

sábado, 3 de abril de 2010

Paciência tem limite. (ou não)



Biologicamente falando de forma não-literária... Sou dicotiledônea! Tenho duas cotilédones e uma raiz axial. Quando tratam de gastar toda a reserva de uma de minhas cotilédones, passo a poupar a outra que me sobrou. Se conseguirem gastar toda a reserva da cotilédone restante, a raiz axial se desprende e, consequentemente, há a morte do ser.
Há algo que não condiz com as reais características de uma dicotiledônea... As cotilédones são individuais para cada solo e, para raras exceções, o sistema de reserva é infinito.


ACHO QUE PRECISO PARAR DE ESTUDAR.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Momento poético.

E tão de repente aconteceu, sem eu nem ao menos esperar. Corro, corro. Não posso fugir.
De tamanha evidência? Avassalador? A que devo isto?
Ao meu rodor, milhares de semblantes fitam. Ao meu redor, milhares de faces coradas.
Tão inconspicuamente e, assim, tão devassador. A extemporaneidade consome. Tento arrefecer, de nada adianta!
Invulgar? Deveras.