Precipício Mental - Insensatez

terça-feira, 1 de março de 2011

Sonho de umas noites.


O vazio do olhar combinava perfeitamente com o do coração, frio como gelo. Ela deitava à noite com a certeza de que em algum momento acordaria com o pesadelo de sempre e, então, acenderia a luz na esperança de encontrá-lo de pé em frente à sua cama, dizendo que subiu pela janela porque não aguentava de saudade; mas a única imagem que avistava era seu armário branco de maçanetas rosa.
Voltou a dormir com a mesma expressão fria com a qual acordara e com a mesma dor silenciosa que se acentuava na madrugada. Dessa vez foi diferente, uma novidade tomou conta de sua noite: Duas mãos se encontravam, dois sorrisos se fundiam, duas felicidades cintilavam. A ausência não se fazia presente e a saudade parecia não existir.
A ocorrência ocasional fez seu coração bater como martelete, surpreso. Sem palavras, suas pernas não obedeciam a ordem de virar as costas e sair correndo, e seu coração a empurrava para frente, impulsionado pela vontade. Enquanto sua mente só pensava em fugir, lutando contra seu coração, permaneceu imóvel, comtemplando a imagem daquele homem de mochila com quem tanto sonhou.
 Ele começou a andar em sua direção, sem expressão. Os passos eram lentos, como se sentisse medo, e enquanto se aproximava, abria um sorriso. Ele pegou em suas mão e...

- Levante rápido, senão vai se atrasar!

Se arrumou e, de vestido, abriu a porta e saiu.
Ninguém sabe onde ela foi, mas foi, deixando para trás a lucidez.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Distante...

O meu, o seu, sem o nosso. Foi do jeito que tinha que ser! Um pouco mais, minguava; um pouco menos, estragava. A intensidade perfeita, com um fluxo invasivo. A loucura era instável e as palavras, impulsivas.
O sentimento foi esse.
Verbos intransitivos que - na verdade - necessitavam de complemento. Complementos esses, que hoje em dia são meu refúgio: Não vi, não ouvi, não sei.
Agora distante, a gente entende melhor:  Não adianta punhal na presença de revólver.
O subjetivo faz sentido sem sequer se pronunciar, usurpando o silêncio e deixando um traço de dúvida.

Foi tudo uso e abuso do acaso.